Conheça o trabalho da Missão Paz, um abrigo na selva de pedra para a população migrante e refugiada desde 1930
Na região do Glicério, em São Paulo, um lugar amplo exibe a majestosa Paróquia de Nossa Senhora da Paz. Lá, além das missas regulares em português, as celebrações acontecem de forma intercalada em francês, italiano, espanhol e inglês, 12h aos domingos. Ela faz parte da estrutura da Missão Paz, uma instituição filantrópica scalabriniana de apoio e acolhimento a migrantes e refugiados. Em atividade desde os anos 1930, é composta por cinco eixos: Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes (CPMM), Centro de Estudos Migratórios (CEM), Eixos Transversais, a Igreja Nossa Senhora da Paz e a Casa do Migrante. Todos esses eixos estão localizados na mesma estrutura na Rua do Glicério e possuem ligação entre eles.
A Casa do Migrante é a parte onde são acolhidos migrantes de mais de 70 nacionalidades anualmente, com capacidade de 110 lugares. Ela é como o abrigo da Missão Paz, eles oferecem moradia, alimentação, ajudam na documentação e na procura por um emprego, além de disponibilizarem aulas de português aos migrantes.
Uma Missão Em Busca de Paz
Daynet e Deysi foram acolhidas na Casa do Migrante. Para conhecer a história de Daynet confira sua página.
Vista de Igreja Nossa Senhora da Paz que faz parte da Missão Paz.
Retrato de garotinha peruana, uma das pinturas presentes na Missão Paz.
Daynet e Deysi foram acolhidas na Casa do Migrante. Para conhecer a história de Daynet confira sua página.
A Missão Paz fica a aproximadamente 1km da estação Japão-Liberdade do metrô. Ela está aberta para atendimento às segundas-feiras das 13h30 às 16h30 e de terças e quintas-feiras das 9h às 12h e de 13h30 às 16h30.
No dia 22 de agosto fui pela primeira vez à Missão Paz e conheci o Pe. Paolo Parise, 55, responsável pela Casa do Migrante. Ele foi muito simpático e atencioso mas, como estava muito atarefado, pediu que eu voltasse na quinta-feira (dia 25) para que tivéssemos mais tempo para conversar e conhecer toda a instituição, além de ser a minha chance para tentar conversar com venezuelanos que iriam para a aula de português. Foi o que eu fiz.
Dia 25 de agosto voltei e Isabela Davies, 35, funcionária da Missão Paz, me recebeu e fez um tour comigo por todo local, me explicando um pouco de como funciona e quem são eles. Neste mesmo dia, consegui também conversar com Pe. Paolo que me explicou um pouco mais sobre sua trajetória até chegar à Missão Paz e o que ele faz na instituição. Porém, perdi a hora da aula de português e não consegui conversar com nenhum venezuelano, já que naquele momento eles não estavam abrigando ninguém da Venezuela, apenas os recebendo para as aulas. Pe. Paolo disse para eu voltar na terça-feira às 11h para encontrar com os alunos no final da aula.
Cinco dias depois, no dia 30 de agosto, voltei mais uma vez a Rua do Glicério e fiquei esperando que a aula de português terminasse, escutei um pouco e assisti 10 alunos de diferentes nacionalidades aprendendo as partes do corpo humano em português, a maioria vinha do Congo, alguns da Colômbia e Peru e duas venezuelanas. Quando a aula terminou, antes que eles saíssem da sala, perguntei à professora se havia alunos venezuelanos e ela me apresentou à Daynet Flores, 36, e Deysi Alcira Mora, 67, que de pronto aceitaram conversar comigo. Daynet já é conhecida nesta webreportagem e Deysi, um pouco mais reservada, contou menos da sua trajetória, mas curiosamente disse que veio para o Brasil de ônibus, passando pela Colômbia e Paraguai até desembarcar em São Paulo, um percurso diferente de todos os outros quatro migrantes desta webreportagem que chegaram no Brasil pela fronteira em Pacaraima no norte do país.
O diretor da Casa do Migrante conta um pouco da sua experiência com migração. É um compilado da estrutura e definição do que é a Missão Paz, um pequeno documentário dos dias que visitei a instituição.
Paolo Parise tem 55 anos e é italiano, ele é coordenador da Missão Paz e há mais de 10 anos é responsável por organizar e evoluir a instituição visando sempre o bem-estar e o progresso dos migrantes para que sejam interiorizados e consigam viver bem. Ele chegou de Roma em 2010 após seu doutorado e veio para coordenar o Centro de Estudos Migratórios, com o passar do tempo foi se familiarizando cada vez mais com a instituição e passou a assumir mais responsabilidades as quais preza com responsabilidade e muito amor.
Padre Paolo tem doutorado em Teologia.
Isabela Davies tem 35 anos e trabalha há quatro anos na Missão Paz. Ela é formada em Dança e cuida da biblioteca da instituição. Ela trabalhou por mais de 10 anos em uma companhia aérea, mas sentiu que aquilo não fazia mais sentido para sua vida e começou a trabalhar na área filantrópica, mas nunca deixou de ser professora de dança, inclusive para os migrantes e refugiados acolhidos que moram na Casa do Migrante. Pude presenciar e gravar (apenas em áudio, infelizmente) uma linda e gostosa aula de dança para as mulheres e algumas crianças acolhidas.
Isabela também apresenta a Missão Paz para visitantes.