13 de setembro de 2021, 21h. Aquela noite de segunda-feira quente e com o céu estrelado jamais sairá da memória da família Flores. Com os olhos encharcados e o coração ferido, Daynet, 36, e seus filhos, Hebert e Ronny, de 15 e 14 anos, respectivamente (juntamente com os pais de Daynet, com quem a família morava), se preparavam em casa para a despedida. Jantaram juntos o pouco de comida que tinham e passaram os últimos momentos abraçados com os pais de Daynet, que ficariam na Venezuela, enquanto mãe e filhos partiriam em busca de uma nova vida no Brasil. Eles moravam na cidade de Píritu no estado de Anzoategui, município localizado no extremo norte da Venezuela e, depois daquela amarga, mas inevitável, despedida de seus familiares, poderiam nunca mais voltar para cidade onde nasceram e cresceram.

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O silêncio perturbador denunciava a grande inquietação presente na mente de todos. Eles sabiam que muito em breve não poderiam mais contemplar cada uma daquelas paisagens que tanto marcaram suas vidas: a fachada da escola onde Daynet lecionava e onde os jovens estudaram do ensino fundamental ao médio; o parque próximo à casa em que moravam, onde a família havia passado tantas tardes alegres de domingo; as idas à praia durantes as férias, dentre outros lugares repletos de boas lembranças.